Itens Raros: Vampiro – A Máscara

Há 20 anos chegava no Brasil Vampiro – A Máscara, RPG da White Wolf que apresentaria aos RPGistas o Mundo das Trevas e o sistema Storyteller.

Em 1991 a editora White Wolf lançava o RPG de horror pessoal, Vampiro: A Máscara, o qual aportaria no Brasil pela Editora Devir em 1994.

Criado pelo escritor Mark Hein•Hagen, Vampiro tinha como pano de fundo um mundo punk-gótico (o Mundo das Trevas, World of Darkness no original) no qual os jogadores encarnariam personagens vampiros. Tais criaturas seriam seres imortais atormentados, tentando manter o resto de sua humanidade ou sucumbindo à sua besta interior.

Transformados em vampiros através do Abraço, os personagens tinham de se adaptar à nova sociedade na qual foram inseridos, na maioria das vezes contra sua vontade, assim como à sua nova natureza vampírica. O jogo explorava esta nova condição dos personagens- um vampiro imortal amaldiçoado- como principal pano de fundo na representação dos mesmos; cada personagem é um vampiro recém-criado, tentando sobreviver aos seus primeiros anos como um morto-vivo, seja se adaptando a essa nova condição, tendo de aprender a conviver com outros de sua nova espécie, caçar, se alimentar e principalmente seguir as leis da Camarilla -a sociedade vampírica- as Tradições, leis que tinha entre elas a mais importante: a Máscara, Tradição que rege que todo vampiro não poderá se revelar a nenhum mortal em nenhuma circunstância, a quebra de tal lei é passiva de morte a quem violá-la.

O horror pessoal citado na descrição do jogo, se refere que cada personagem possui uma besta interior, que em alguns momentos fatalmente vai fugir ao controle, não importando os esforços que o personagem faça, mostrando pouco a pouco o monstro em que o personagem se tornou. Os temas abordados, desde a redenção ou a corrupção dos personagens com a perda total de sua humanidade, até sua sobrevivência em meio às políticas e intrigas da sociedade vampírica neste mundo escondido no mundo, fez com que Vampiro: A Máscara fosse um sucesso entre os RPGistas que apreciavam muito mais a criação de histórias, o storytelling, do que o combate no jogo.

O RPG Vampiro apresentou os Clãs Vampíricos (algo como as Classes de Personagem no D&D), linhagens originadas dos Antediluvianos os vampiros originais descendentes diretos, segundo a mitologia de Vampiro, de Caim (sim, o primeiro homicida, aquele que matou Abel). Nesta edição o número de clãs eram sete.

teatro-de-mesa-BrujahO Clã Brujah é conhecido por sua rebeldia; na Camarilla alguns dos mais violentos vampiros fazem parte deste clã e muitos vampiros dos outros clãs os veem como punks arruaceiros. Seguindo paixões e causas revolucionárias, os Brujah adotam tais crenças com toda a força e determinação que possuem, alguns seguindo os passos de membros de maior carisma dentro do Clã, enquanto outros seguem de forma mais individual seus caminhos revolucionários.

 

teatro-de-mesa-GangrelOs Gangrel; entre todos os vampiros, são provavelmente aqueles que são mais fieis as suas origens. Nômades e solitários eles preferem áreas desertas à correria da sociedade. Com a capacidade de mudar de forma humana para formas mais animalescas, são a origem de muitas lendas. Quando um mortal diz ter visto um vampiro o qual mudou a sua forma para um lobo ou um morcego, ele muito provavelmente está se referindo a um Gangrel.

 

teatro-de-mesa-ClanMalkavianOs Malkavian; com suas mentes distorcidas pelo sangue amaldiçoado, todos do Clã sofrem permanentemente de perturbações mentais. Sua loucura pode assumir qualquer forma, desde uma peça praticamente inócua até um ato de loucura de extrema violência. Desde os tempos mais idos, os Malkavian mudam de alguma forma a comunidade de vampiros à sua passagem; mesmo não tendo provocado guerras ou qualquer caos político (isso pelo conhecimento dos outros Clãs).

 

teatro-de-mesa-NosferatusOs Nosferatu;  pesam em sua existência uma antiga e terrível maldição, fazendo com que a transformação vampiresca deforme-lhes o  corpo,  transformando-os em criaturas abomináveis aos olhos dos vampiros e mortais. Marginalizados pelas sociedades vampíricas e mortais, estes seres deformados assombram as catacumbas e todos os tipos de lugares escuros e desertos.

 

teatro-de-mesa-ToreadorOs Toreador; á exceção de uns poucos, recebem muitas conotações – “degenerados”, “artistas”, “hedonistas”.
Podem ser alternadamente elegantes e exibicionistas, brilhantes e absurdos, visionários e dissipados, talvez a maior característica que pode ser aplicada ao Clã inteiro, seja o zelo estético presente em todos os seus membros por qualquer tipo de arte.

 

teatro-de-mesa-TremereO Clã Tremere, não importa a visão que os outros clãs tenham por ele, os Tremere são conhecidos por todos. Por meio de esforços próprios os Tremere são mestres numa forma de feitiçaria vampiresca, com rituais e feitiços tão potentes – senão muito  mais – do que outros poderes de qualquer outro Clã, sendo chamados pelos outros vampiros de “feiticeiros”.

 

teatro-de-mesa-VentrueO Clã Ventrue têm a reputação de ser honrado, bem educado e de gosto impecável. Desde tempos antigos os Ventrue têm sido o Clã mais influente da Camarilla, esforçando-se para manter as tradições dos anciões e procurando um modo de mudar o destino dos membros. No passado os Ventrue escolhiam membros entre a nobreza,  atualmente o Clã escolhe entre famílias saudáveis e abastadas ou pessoas que sobem implacavelmente nas corporações e políticos.

 

teatro-de-mesa-CaitiffOs Caitiff, vítimas abandonadas por seus Senhores; sem Clã e indesejáveis, são o resultado de atos impensados, afeições, Abraços causados pelo frenesi e erros injustificáveis. Tropeçando ao longo das confusões da nova existência, eles geralmente descobrem o segredo da sobrevivência através de outros Caitiff, que tomam conta do recém-transformado, ou então morrem  tentando.

 

clasvampiro
Brujah, Gangrel, Malkavianos, Nosferatu, Toreador, Tremere e Ventrue, os principais Clãs Vampíricos de “Vampiro: A Máscara”; arte de encher os olhos e leitura de mexer com a imaginação…

A mecânica do jogo, o Sistema Storyteller,  utilizava apenas dados de dez faces, os d10, sendo que os testes para as ações dos personagens se baseavam numa combinação de um Atributo (Físico, Social ou Mental) mais uma Habilidade (Talento, Perícia ou Conhecimento); ainda haviam as Vantagens, sendo estas as Disciplinas Vampíricas (poderes que os vampiros têm, alguns destes exclusivos de certos Clãs), os Antecedentes (que tem muito a ver com o background de cada personagem) e as Virtudes (que definia boa parte do âmago dos personagem). Ainda havia o “atributo” Humanidade, que mostrava o quão próximo da “Besta Interior” o personagem estava ou não, sendo que caso o personagem alcançasse Humanidade zero, estaria totalmente perdido, tornando-se um monstro inumano, virando um NPC.

Mesmo se fosse visto apenas como material de leitura, Vampiro possuía um excelente texto com vários contos e ilustrações, que também eram um show à parte, dando o clima sombrio que o cenário do Mundo das Trevas (o World of Darkness) apresentava aos jogadores de Vampiro.

Vampiro: A Máscara, foi um marco do RPG no Brasil. Tornou-se um divisor de águas, inclusive causando uma certa “rixa” entre os jogadores que preferiam o D&D e os que adotaram Vampiro como RPG favorito. Com a sua ênfase na criação de histórias, Vampiro foi realmente algo que mudou o jeito de se jogar RPG, deixando de lado o combate e focando nas intrigas e no lado pessoal dos personagens.

Muitas coisas ainda podem ser ditas sobre esse excelente RPG, mas não caberiam neste simples post; assim sendo, Vampiro: A Máscara é um item raro que merece ser guardado com apreço e, principalmente, jogado por todo RPGista!

Fontes: Wikipedia

About Dmann Well

Manoel Martiniano conheceu o RPG ao adquirir o jogo de tabuleiro "Hero Quest" da Estrela e também ao acompanhar as edições da extinta revista "Dragão Brasil" em meados de 1994. Desde então, mesmo com certos hiatos, não parou de mestrar/jogar, sendo um dos membros fundadores do grupo RPGistas de Guaianazes, que viria a se tornar O Teatro de Mesa.

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8 Comments on “Itens Raros: Vampiro – A Máscara”

  1. Vampiro foi um jogo incompreendido pela maior parte dos jogadores, enquanto ao que me parece, os fãs de Lobisomem conseguiram assumir a atmosfera muito mais facilmente. Vi isso quando li textos de Mark Rein sobre o jogo e sobre o sucesso do mesmo, ele não parecia feliz com o resultado.

    1. Creio que essa “incompreensão” tenha ocorrido bem mais lá nos USA, pois pelo menos por aqui, em terras brasileiras, o RPG “Vampiro” teve maior aceitação; pelo menos até onde reparei. Creio que sucesso maior do RPG “Lobisomem” se deva à ter raízes indígenas dos USA.

  2. Vampiro foi um jogo incompreendido pela maior parte dos jogadores, enquanto ao que me parece, os fãs de Lobisomem conseguiram assumir a atmosfera muito mais facilmente. Vi isso quando li textos de Mark Rein sobre o jogo e sobre o sucesso do mesmo, ele não parecia feliz com o resultado.

    1. Creio que essa “incompreensão” tenha ocorrido bem mais lá nos USA, pois pelo menos por aqui, em terras brasileiras, o RPG “Vampiro” teve maior aceitação; pelo menos até onde reparei. Creio que sucesso maior do RPG “Lobisomem” se deva à ter raízes indígenas dos USA.

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