Laboratório do Tremere: Por onde começar

Olá, futuros mestres de RPG, bem-vindos ao meu humilde laboratório! Podem sentar-se e não se incomodem com o ranger das cadeiras, elas são resistentes apesar dos séculos de idade que tem, assim como eu… hehehe…
Como sabemos a mais longa das caminhadas começa com o primeiro passo; assim é com todas as coisas, e o RPG não é exceção à regra; talvez você seja um jogador que tenha intenção de mestrar uma próxima sessão, ou alguém que ouviu falar sobre o famoso hobby de interpretação e resolveu se aventurar no mundo da imaginação, bom… não importa, aqui estamos pensando por onde começar e como começar; essas são duas dúvidas que parecem sem importância, mas para quem quer mestrar são decisões um tanto difíceis, pois o(a) futuro(a) mestre de RPG quer se divertir e divertir os seus futuros jogadores, uma boa responsabilidade.

Muito bem, vamos ver se consigo ajudar… Um pouco de café?

01 – Qual RPG mais indicado?

Ok, você já tem aquilo que move nossa sociedade aí no bolso e vai até a loja, sebo ou livraria mais próxima de sua casa, olha a prateleira e vê vários títulos, e surge a pergunta: qual?

Certo, jovem, aí vai uma resposta muito técnica que nós cientistas e magos usamos para dar uma introdução na resposta: depende.

Depende da pessoa, conheço gente que começou com o AD&D (Advanced Dungeons & Dragons) logo de cara, na época era um dos mais complicados para se jogar até ser revisado, mas quem se aventurou nele se adaptou ao jogo e seguiu em frente; se bem que neste período não haviam muitas escolhas.

No entanto como atualmente temos algumas opções de jogos, podemos facilitar a vida de nossa (o) futura (o) mestre.

Se você for RPGista de primeira viagem e nunca rolou nem sequer um d6 (aquele dado comum) melhor começar com um simples. Nesse caso eu indico estes:

-“3D&T” (Defensores de Tóquio 3ª Edição): o mais simples de todos, mecânica fácil, dados de fácil acesso (d6) e temática leve (anime e mangá), pode-se jogar de tudo com ele, de aventuras tipo Dragon Ball e Naruto até Street Fighter e Final Fantasy, dependendo do que o grupo quer (eu mesmo mestrei uma aventura com a temática do X-Men Evolution). Atualmente está na versão “Alpha-Revisada” e pode ser encontrado em livrarias e lojas de RPG, é bem indicado para principiantes e jogadores mais jovens (ainda mais pelo tema, pois se joga com personagens inspirados em desenhos animados); uma boa notícia: existe a versão em PDF para download no site da editora responsável. Indicado para mestres e jogadores a partir de 12 anos.

-“Trevas”: RPG nacional atualmente na 3ª edição; tem como cenário o nosso mundo, mas com ambientação muito parecida com a série “Sobrenatural”, onde monstros e outras criaturas das trevas espreitam a humanidade. Usa o “Sistema Daemon” de RPG, baseado em porcentagens e que prima por certo realismo. Pode-se também encontrar suas regras para download. Indicado para mestres e jogadores a partir de 16 anos.

GURPS lite: versão resumida do primeiro RPG genérico lançado o GURPS (Generic and Universal Role-Playing System), no qual se usa o sistema de pontos para se compor o personagem; esta versão vêm com as regras e permutações mais usadas tornando a construção e desenrolar de aventuras mais rápido, seguindo a vantagem de se usar apenas o D6 (o dado comum de seis faces) em sua mecânica de jogo. Por ser um RPG genérico pode-se jogar desde medieval a futurista, desde ação a terror. Indicado para mestres e jogadores a partir de 12 anos.

Mas, caso queira encarar um desafio um pouco maior, pode começar com estes básicos:

-Mundo das Trevas: módulo básico do sistema storytelling, que substituiu o antigo Storyteller; neste RPG de horror os personagens vivem em um munto no qual as sombras parecem ter vida e há muito mais nas dobras da realidade do que as pessoas imaginam, estes personagens podem ter visto demais ou estar na hora errada e em local errado, mudando suas vidas para sempre.

-Dungeons & Dragons (D&D); aqui no Brasil na 4ª Edição, sendo que a Edição 5.0 por enquanto está disponível apenas no exterior; é o primeiro RPG do mundo, com temática fantasia medieval estilo “O Senhor dos Anéis”; neste RPG os personagens podem ser guerreiros, magos, elfos e explorar um mundo cheio de perigos, magia, tesouros e muito mais.

Mutantes e Malfeitores: tem como pano de fundo as aventuras de Super-Heróis baseados em quadrinhos, também utiliza o D20 System como o D&D, aqui os personagens podem ser qualquer tipo de herói, obedecendo certos arquétipos ou sendo feitos de forma mais livre podendo combinar qualquer poder em sua criação.

“Ok, certo já comprei o bendito jogo… e agora?” você pode estar se perguntando. Muito bem, isso nos leva a próxima questão:

02 – Como começo a jogar?

Bem, pode parecer meio óbvio, mas primeiramente leia… Leia o livro primeiro, veja o que ele tem. Não faça nada ainda, à medida que você for lendo o livro ideias irão surgindo, assim como dúvidas também, mas as respostas estarão em suas mãos, literalmente.

Assim que terminar de ler, faça um personagem para entender a mecânica da construção do mesmo; caso tenha alguém junto, ajuda muito, pois como diz o ditado: “Duas cabeças pensam melhor que uma” pois detalhes que um não vê o outro pode notar, assim como o amigo pode fazer o test drive com esse personagem contra algum oponente escolhido, para se entender a mecânica dos combates. Entendido isso, o(a) mestre já estará pronto(a) para ajudar a criar, ou criar ele(ela) mesmo(a) os personagens que os jogadores utilizarão (aconselho seguir esse caminho, pois pode-se gerar personagens mais equilibrados, para que não haja “favoritismos” de personagens).

E finalmente é só conseguir alguns amigos corajosos para participar de sua primeira aventura; aconselho conversar com o pessoal antes para se saber que tipo de aventura seria mais legal para todos, o estilo. Uns podem gostar mais de ação, pancadaria e combates, outros podem gostar de aventuras mais elaboradas, com mais interpretação do que roladas de dados… Cabe ao(à) mestre saber dosar em cada sessão o estilo da narrativa necessária para que todos se divirtam.

“Tá, já tenho os livros, os jogadores, a aventura na cabeça e então?”, bem, isso nos leva à terceira dúvida:

03-Como eu mestro?

Nossa, essa é um pouco mais difícil de responder, pois cada mestre tem seu estilo de narrar… Mas lhe passo umas dicas úteis :

Primeiro- planeje o cenário, mas não em mínimos detalhes, tenha uma ideia geral de como é o lugar da campanha/aventura, algo como as figuras mais importantes e locais de destaque, só. Uma dica: faça uma linha de raciocínio bem geral, pois na hora de improvisar algo, fica mais fácil.

Segundo- tente descrever as ações como se fosse “poesia”; por exemplo: se um jogador fez um ataque e teve um bom resultado nos dados, não diga simplesmente “Você acertou, fez um dano de X pontos e o monstro morre”, tente enfeitar a descrição cena, talvez com “Você desfere um golpe poderoso com sua espada, a armadura do monstro não suporta a fúria de seu ataque e agora jaz caído no chão”, bem melhor não é?

Isso se aplica também na descrição dos personagens coadjuvantes (NPCs ou PdMs) que aparecerão para dar informações ou apenas para dar mais cor a aventura. Tenha uma lista com pelo menos uns 15 nomes aleatórios tanto masculinos quanto femininos, pois se de repente você improvisar um personagem para interagir com os jogadores, tipo a serviçal da taverna da cidade, fica bem melhor se for “Lira, a serviçal da taverna”, bem mais convincente. Também na hora do jogo, faça uma lista de quem é a vez na rodada (fora as partes de combate), tente fazer com que a vez fique intercalada entre os jogadores mais tímidos e mais soltos, pois isso vai ajudar todos a se entrosar.

Terceiro- esteja sempre de prontidão para improvisar, pois, por mais que se planeje uma aventura, sempre (SEMPRE mesmo!!!) os jogadores fazem algo fora do que você planejou, então sempre faça bom uso do bom senso.

Certo, jovens mestres, espero que essas poucas dicas tenham ajudado; lembre-se: bom-senso e justiça na hora de conduzir a aventura é diversão garantida para você e para seus amigos, pois se apenas um lado está se divertindo, tem algo errado. Pois o objetivo principal do RPG é a diversão para todos.

Agora me vou, espero que tenham gostado do café… Um bom-dia para vocês, pois o sol já está nascendo e tenho que me recolher no meu caixão, por favor, fechem a porta quando sair. Ah, sim, se tiverem qualquer dúvida, me procurem.

Um grande abraço…

About Dmann Well

Manoel Martiniano conheceu o RPG ao adquirir o jogo de tabuleiro "Hero Quest" da Estrela e também ao acompanhar as edições da extinta revista "Dragão Brasil" em meados de 1994. Desde então, mesmo com certos hiatos, não parou de mestrar/jogar, sendo um dos membros fundadores do grupo RPGistas de Guaianazes, que viria a se tornar O Teatro de Mesa.

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