Resenha: Ciclo das Trevas – A Lança do Deserto

Na resenha desse mês voltamos para uma das poucas sagas que considero como uma entre minhas preferidas, O Ciclo das Trevas, desta vez com A Lança do Deserto.

Começa o segundo ciclo e logo aviso, para quem espera já nas primeiras páginas matar a saudade de Arlen, Leesha e Rojer, que ficará um tanto desapontado, pois nas primeiras 244 páginas o leitor irá imergir na cultura de Krasia e acompanhará apenas Jardir – Ahmann asu Hoshkamin am’Jardir am’Kaji, quem não lembra da traição dele ao roubar a lança de Arlen e se autoproclamar o próprio Shar’Dama Ka? -. Continuando, nestas primeiras 244 páginas está presente toda a estória base de Jardir desde sua infância junto ao khaffit Abban, explorando detalhadamente como a cultura local transforma suas crianças em guerreiros, sem deixar de focar no cerne de Jardir: um homem de fé e determinação que merece e deve ser conhecido. E claro, é muito interessante explorar a criação de Peter V. Brett, Krasia. A cultura e seu aspecto religioso faz lembrar, e mescla um pouco, culturas como a do Oriente médio e medieval, o que torna a leitura rica e muito gostosa. Tem todo o conceito de merecimento no paraíso; no tratamento diferenciado entre homens, mulheres e khaffit; na devoção a um Deus e seus ensinamentos acima de qualquer desejo. É uma cultura muito respeitosa, porém um tanto diferente da nossa e é nestas diferenças que conflitamos pensamentos, também e nestas diferenças que o autor pontuou momentos reflexivos. Trazer esta visão ao leitor faz com que  tenhamos de repensar certos conceitos já criados anteriormente e isso é incrivelmente interessante.

Se tem algo que o autor realiza com maestria é navegar no íntimo dos personagens e nas variáveis situações onde o melhor e o pior do ser humano são levadas ao seu limite, não somente dos principais, mas o âmago dos seres humanos, suas sociedades, caráter e selvageria, causando repulsa e trazendo esperança conforme situações diversas colocam muitos a prova. Peter V. Brett não se preocupou em criar personagens perfeitos, a essência deste livro está na cicatriz que cada um traz.

Chegamos ao ponto principal, qual a estória que este livro traz agora?

Ao terminar o primeiro livro, O Protegido, temos Jardir se proclamando o Shar’Dama Ka, O Salvador e carregando consigo a coroa e a lança dos ancestrais como argumentos para a autoproclamação. Já o povo das Cidades Livres discorda, para eles não pode ser outro senão Arlen Fardos, O Protegido. Cada um com sua abordagem caminha pelo mundo em busca de um mesmo objetivo: que as pessoas possam lutar contra os terraítas e não mais teme-los na noite.

Só isso? Não, porém não subestime estes caminhos enquanto são trilhados. Jardir e Arlen, antigos amigos, agora lutam (talvez) sem limites para um superar o outro e trazer a paz ao mundo que acreditam que possa ressurgir. Jardir seguindo para as Cidades Livres com a violência dos Sharun e apresentando ao povo a salvação a sua maneira. Arlen trilhando seu caminho levando suas descobertas para que todos possam ter acesso e escolherem suas batalhas. Leesha, agora no comando da Clareira do Lenhador, com Rojer sempre ao seu lado, ambos criando uma nova sociedade unida que se levanta durante a noite para deter os terraítas. E também temos Renna, a jovem que quando nova foi prometida a Arlen e agora volta com uma trajetória dramática e um papel importante para o futuro de alguns personagens.

Só isso? Não. O leitor também terá a chance de ver uma pequena parte do primeiro livro recontada sob nova perspectiva.

Para finalizar tenho de ressaltar que é um tanto complicado lidar com o final deste livro, pois muitas coisas rumam para um desfecho diferente daquele que o leitor pode ter cultivado até então, muitas delas desde o primeiro livro – tipo eu e muuuitas situações. O final é extremamente eletrizante e traz um vislumbre da intensidade do próximo livro, dando a entender o tamanho do problema que está por vir. E digo mais, tudo o que os personagens passaram até então mostrasse uma brincadeira perto do problema que se apresenta ao final. Será algo épico e espero que minhas expectativas sejam atendidas.

Sem mais, leiam e deleitem-se neste universo extenso com turbilhões de emoções, muito bem elaborado por Peter V. Brett.

Obrigada a Editora Darkside pelo presente que foi receber esse livro pouco após o lançamento. Agora só aguardara sequência The Daylight War. Acredito que nesta sequência muito será explicado sobre Inevera, e prestem bastante atenção nela durante a leitura, fica a dica.

Leia a Resenha: Ciclo das Trevas – O Protegido – Volume 1

About Isabela

Laziness Girl, gamer e personal trainer nas horas vagas, é leitora apaixonada. Eterna criança, dentro e fora das livrarias. 'Inicianda' no mundo do RPG, apresentado pelo Jaguar.

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