Caverna do Dragão: Requiem – Parte II

Requiem é o episódio final da série animada Dungeons and Dragons, (Caverna do Dragão no Brasil). Foi escrito pelo roteirista Michael Reaves. De vinte e oito episódios, este foi o único da série animada que não foi produzido, embora seu roteiro oficial tenha sido finalizado. O episódio relata os acontecimentos finais da jornada dos jovens heróis aprisionados em uma fantástica e perigosa dimensão em busca do retorno ao seu próprio mundo.

Requiem – Parte II

Nas Montanhas do Fogo os vulcões continuam cuspindo fogo e lava em fúria. Uma nuvem de pedras incandescentes se aproxima cada vez mais do dragão de bronze que Diana, Bobby e Hank cavalgam.

– É muito rápido para nós!

Como que respondendo ao apelo do amigo, Diana dá leves pancadas sob o focinho da fera. O dragão entende o comando e sobe, evitando por pouco o encontro com a nuvem de pedras flamejantes.

O monstro pousa exausto na Planície de Lava, descarrega seus jovens “passageiros” e parte. Os quatro olham pensativos na direção das Montanhas de Fogo. Todos sabem que dificilmente os outros poderiam ter sobrevivido ao acidente com o barco voador. Bobby não consegue segurar o choco.

– Eles não conseguiram, não é ?!?

– Claro que conseguiram! – Diz Diana, tentando sustentar o falso ânimo. – Eles já passaram por coisas piores que isso!

– Hank? – Insiste Bobby, ignorando a irmã.

Hank olha fixamente para o horizonte. Seus ombros estão caídos. A cabeça baixa. Ao longe, o fogo queima alto como uma enorme pira funerária.

– Sinto muito, Bobby. O erro foi meu.

Bobby se vira e vai embora. Diana se aproxima e pousa a mão no ombro de Hank.

– O que vamos fazer agora?

Hank se recompõe e assume uma expressão firme. Seus amigos estão mortos. Mas, para ele, a vida continua.

– Os vulcões não vão permitir que voltemos. Temos que continuar… até a Fronteira do Reino.

Hank olha na outra direção, assim como Diana. A planície continua por uma longa distância – e, ao seu final, uma colina se estende nas duas direções, tão longe quanto podem ver. No topo, vagamente visível, está o Cenotáfio: uma torre solitária, em ruínas, no topo do mundo.

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Em outra parte da planície, Eric, Sheila e Presto procuram um caminho através da planície de lava negra. O galeão naufragado queima ao fundo. Sheila sabe com dificuldade até o topo de um pedregulho anguloso e olha de um lado para o outro.

– Bobby? BOBBY?!

– Algum sinal deles?

O manto de Sheila balança ao sabor do vento. Ela estreita os olhos, lança um último olhar ao redor e baixa a cabeça.

– Nenhum, Eric. Eles devem ter…

Ela esconde o rosto nas mãos e cai de joelhos. Eric também baixa a cabeça. Presto olha para ele com simpatia.

– Não foi sua culpa, Eric.

– É, tá certo. Algum outro cara usou meu escudo para desviar a flecha de energia para dentro do vulcão. Se não fosse você usar seu chapéu mágico para nos libertar, seríamos carvão agora.

– Vamos – continua Eric – O mínimo que posso fazer é achar a chave do Vingador e levar vocês para casa.

Ele se volta e caminha penosamente. Presto, preocupado com seu amigo, o segue. Após um momento, Sheila fecha a retaguarda.

Há lágrimas em sua face.

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Na Fronteira do Reino o Cenotáfio se ergue alto e imponente como um arranha–céu, na borda do penhasco. Em uma sacada próxima ao topo estão o Vingador e o Mestre dos Magos. Eles olham para baixo.

– Você vai perder, velho – rosna o vilão. – O desejo deles de voltar para casa é mais forte que qualquer outra coisa. Sem seu apoio, eles vão desmoronar.

O Mestre dos Magos parece preocupado, mas sua determinação é maior.

– A coragem deles não vai falhar. Eles farão o que deve ser feito.

É possível ver os dois grupos de garotos seguindo vagorosamente seu caminho em direção à torre, por lados opostos. O terreno irregular oculta um grupo do outro.

– Veremos. O que há no Cenotáfio vai testar a coragem deles.

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Hank, Diana, Bobby e Uni param diante da porta do Cenotáfio. Ela é enorme e tem o formato da cabeça de um dragão. Suas mandíbulas emolduram a entrada.

– Aqui estamos nós. E agora, o que fazemos, Hank?

Hank se apoia, desanimado, contra a porta.

– Não sei, Diana. Acho que fomos o mais longe que podíamos. Parece que guiei a gente para o desastre.

Eles olham um para os outros, sem saber o que dizer. Uni se aproxima de Hank, que descansa a cabeça na mão em atitude de desespero.

   – Ei, veja o lado bom – diz uma voz familiar, vinda de trás deles. – Vocês chegaram antes da gente!

Todos olham na direção da voz, reagindo com alegria. Eric está sobre uma pequena elevação, sua capa esvoaçando, em atitude atrevida. Sheila e Presto entram em cena atrás dele.

– Bobby!

Os dois irmãos correm de encontro um ao outro e se abraçam. Os outros também se abraça, alegres pelo reencontro. Uni salta em volta, balindo de alegria.

– Cara, estou contente em te ver! Pensamos que vocês já eram! Como escaparam daquilo?! Nunca mais vamos nos separar!

Hank e Eric estão com as mãos nos ombros um do outro.

– Estou muito contente que vocês estejam bem, Hank. Agora tudo o que temos a fazer é conseguir aquela chave e ir para casa.

Hank se afasta de Eric, parecendo surpreso.

– Vocês não continuam pensando em fazer isso, não é?

Todos se afastam aos poucos. Inconscientemente ou não, o grupo se divide outra vez.

– Pode apostar que estamos. Eu quero dormir na minha própria cama esta noite.

– Eric, você ainda está sonhando se pensa que o Vingador vai cumprir sua promessa.

– Se houver a menor chance – diz Sheila, movendo=se para perto de Eric – temos que tentar.

Hank para diante da porta, resoluto.

– Esqueça, Eric! Ninguém abre essa porta!

– Isso é o que você pensa! Presto, mostre a ele!

– Bem… tá certo…

Presto tira o chapéu e aponta para a porte. Um raio de força mágica explode de dentro do chapéu, surpreendendo o jovem mágico tanto quanto os outros.

Hank tenta se esquivar da magia que se aproxima, mas uma ramificação do raio o ergue e gentilmente põe de lado, enquanto a força principal da magia atinge a porta do Cenotáfio, rachando–a.

– Com essa são três, Presto – grita Eric. – Você está no topo da lista.

Hank, Diana, Bobby e Uni ficam presos pelo restante do feitiço de Presto. Quando conseguem se livra, já não há sinal dos outros.

– Temos que os impedir! Estão caindo direitinho nas mãos do Vingador.

O grupo corre para o Cenotáfio atrás de seus amigos. Eles entram em uma câmara enorme e vazia, com uma porta lateral que leva a uma escadaria.

Eric, Presto e Sheila já estão subindo quando uma flecha de energia atravessa o ar logo acima de suas cabeças, parando–os.

Eric olha para trás. Hank, Bobby, Uni e Diana estão na entrada. Hank tem outra flecha pronta para disparar.

Não faça isso, Eric!

– E como você vai me impedir, Hank?

Hank aponta a flecha. Diana e Bobby olha para ele ansiosamente.

– Eu não sei, mas nenhum de nós quer saber como.

Os estão tensos com a espera, quando o chão treme repentinamente, acompanhado por um estrondo. Todos olham em volta com apreensão.

– O que foi isso?

O estrondo começa novamente, muito mais forte agora. Enormes pedras racham. As rachaduras surgem de um centro, tornando–se fissuras. Das fissuras começam a fluir jorros de um protoplasma viscoso e translúcido parecido com geleia. Os jorros começam a fluir na direção de Diana, Hank, Bobby e Uni. Pseudópodes monstruosos se erguem e procuram cegamente por eles. Hank empurra Diana e Bobby em direção às escadas.

– Saiam do chão! Rápido!

Eles sobem rapidamente as escadas. O chão agora está coberto com a massa semissólida, que começa a fluir atrás deles. Ela se ergue como uma ameba gigante, emitindo sons repugnantes.

Hank, Diana, Bobby e Uni se juntam aos outros e todos começar a subir, de costas, a escadaria. A criatura ameboide os persegue, quase alcançando as patas de Uni. O unicórnios pula selvagemente para evita–la. Os garotos recuam novamente, armas prontas. A criatura ameboide os segue, faminta.

– O que é isso Presto?

– O que quer que seja, sabe o que NÓS somos: almoço!

Hank aponta para baixo a flecha que estava preparada anteriormente.

– Ah, é? Vamos ver se ela gosta do nosso tempero.

Ele dispara a flecha. A criatura está quase preenchendo toda a escadaria. A flecha se aproxima. Um pseudópode ergue–se e envolve a flecha sem nenhum efeito visível, salvo por uma ondulação luminosa que desce pelo pseudópode abaixo. Então toda a massa se avoluma em frente novamente.

– Parece que ele gostou mesmo!

Presto dá um passo à frente, uma mão agitando o ar sobre o chapéu.

– Deixa eu tentar!

Ele enfia a mão no chapéu, retira uma esfera brilhante de energia mística e lança para baixo. A criatura absorve a esfera mágica do mesmo modo que fez com a flecha, e começa a se apressar na direção deles. O grupo continua recuando escada acima. A criatura está se aproximando. Presto parece desanimado.

– Onde está Steve McQuenn quando a gente precisa?

– É melhor pensarmos em alguma coisa. Esse porte de geleia significa problemas.

Bobby ergue seu tacape com determinação.

– Ah, é? Eu também!

Bobby corre. Sheila tanta segurá–lo, mas não consegue.

– Bobby! Cuidado!

O monstro ergue–se ameaçador acima de Bobby quando ele se aproxima. Bobby bate com seu tacape em uma das paredes da escadaria – e, em seguida, na parede oposta. As paredes racham e desabam, enterrando a criatura sob toneladas de pedra enquanto o pequeno bárbaro corre de volta.

Os garotos emergem da poeira e fragmentos de rocha.

– Bobby? Tudo bem com você?

Depois de um momento, Bobby também corre para fora da nuvem de poeira – que começa a sumir, revelando a escadaria bloqueada.

– Boas e más notícias. Aquela coisa está soterrada…, mas agora não podemos voltar pela escada.

Eric olha para Hank com satisfação.

– Isso significa que temos que subir.

Hank olha para ele e concorda lentamente.

– Você ganhou… por enquanto.

Todos continuam subindo.

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Na parte mais alta do Cenotáfio há o santuário. Uma câmara enorme, como uma catedral, com uma abóbada gigante em uma parede e um sarcófago ornamentado no meio do chão, a tampa esculpida no formato de uma figura em repouso. A parede oposta à abóbada ruiu, revelando o Abismo além do Reino. A escadaria termina em outra parede. O Vingador e o Mestre dos Magos estão ao lado do sarcófago.

– Eles estão vindo, Vingador – diz o Mestre. – Duvidando e suspeitando uns dos outros, e de sua jornada. Mas ainda vindo.

– Bah! Eles ainda podem falhar. E falharão!

O Vingador olha para a figura esculpida na tampa do sarcófago com uma expressão indecifrável, e então se vira. Não é possível ver os traços da escultura.

– Não cante vitória ainda, velho.

– Não serei eu o vencedor, Vingador – diz o Mestre dos Magos, contemplando a tampa do sarcófago. – Será você.

Ele se volta ao som de passos. Na escada surgi Eric, seguido pelos outros. Ele para e olha em volta.

– Então é isso. Não parece lá grande coisa.

O santuário agora está vazio, exceto pelo sarcófago e pelos garotos. Diana aponta para a parede desmoronada e o Abismo além.

– Vejam… continua para sempre…

Os garotos se aproximam cautelosamente da parede ruída e olham através dela para o Abismo derradeiro.

Na Fronteira do Reino, um desfiladeiro infinito mergulha na noite nevoenta milhares de milhas abaixo. Estrelas piscam nas profundezas. Vagamente visível é a sugestão de pilares titânicos, do tamanho de continentes, que apoiam o Reino.

Sheila se aproxima da abóbada. Quase oculto no entalhe da ornamentação está um buraco de fechadura.

– Há uma fechadura aqui. Isto é uma porta.

– Vejam! Na tampa! É o…

Finalmente é possível ver claramente a figura esculpida. Um homem em trajes de guerreiro, braços cruzados sobre o peito. Sua face é nobre, serena. Sem as presas, chifre, asas e outras características do mal – mas pertence, sem dúvida, ao Vingador.

– Eu não entendo. Quem iria querer fazer o velho cabeça–de–chifre parecer bom?

Só há uma maneira da gente descobrir – diz Eric. – Abrindo.

Os garotos se alinham ao lado do sarcófago e empurram a pesada tampa. Com um som de atrito de pedra com pedra, ela escorrega e revela o interior. Está vazio, exceto por uma chave comum, no fundo. Eric alcança e agarra a chave.

– Conseguimos a chave! Agora só precisamos jogá–la no Abismo.

Quando Eric se volta para o Abismo, Hank entra no caminho.

– Você ainda não entendeu, Eric? Jamais voltaremos para casa confiando no Vingador.

– Saia do meu caminho, Hank!

– Não! – Hank sacode a cabeça negativamente. – Eu estou certo sobre isso. Eu sei!

Eric ergue o escudo. Súbito, todos são derrubados por um tremor próximo ao sarcófago. Eles gritam de surpresa. A criatura ameboide ressurge, erguendo–se do chão, os pseudópodes se laçando em todas as direções. Os garotos se espalham para evitá–la.

– Vejam! A coisa voltou! Cuidado com os tentáculos!

Eric segura a chave. Um pseudópode vai em sua direção, agarrando seu escudo e jogando longe o jovem. Eric cai próximo ao Abismo. Ele olha para a chave, e então prepara–se para jogá–la lá.

A mão de Hank surge e segura o punho de Eric.

– Não!

– Me larga! – Protesta Eric, tentando se soltar.

Diana recua ante uma onda da criatura, mantendo sua vara à frente. Um pseudópode se projeta da massa principal e agarra a vara, puxando Diana em sua direção. Diana se apoia com força sobre os pés, mas a coisa é muito forte para ela.

Presto segura o chapéu, recuado do horror que se aproxima. O chapéu brilha – mas, antes que qualquer coisa possa emergir, um pseudópode o agarra, fechando–o e prendendo as mãos de Presto.

A coisa ergue Presto do chão. Ele balança indefeso na garra do pseudópode.

Eric e Hank estão de pé agora, ambos agarrando a chave. Hank estão de costas para o Abismo.

– Me deixa jogar a chave! Você quer ser prisioneiro deste lugar para sempre?

Os olhos de Hank se arregalam com uma ideia súbita.

– Eric! Lembra quando você falou que todo o Reino é uma prisão?

Eric continua segurando a chave, enquanto Hank fala.

– Acho que você está certo! Todos nós somos prisioneiros aqui… incluindo o Vingador! E essa é a chave!

Uni está encurralada em um canto. Um pseudópode a agarra e ergue. Uni bale de medo.

Sheila veste seu capuz quando outra pseudópode a alcança. Ela fica invisível, mas a criatura evidentemente usa outros sentidos além da visão para localizar sua presa. Ela se enrosca na forma invisível de Sheila, que grita. O capuz cai e ela volta a ser visível de novo enquanto também é erguida, esperneando.

Bobby está em outro canto, agitando seu tacape para manter um pseudópode à distância.

– Sheila! Uni!

Ele ergue seu tacape sobre a cabeça e golpeia o chão. A onda de choque ondula pela forma protoplasmática, fazendo com que largue Sheila, Uni, Diana e Presto, que caem no chão. A onda de choque também derruba Hank e Eric. Hank larga a chave, deixa o arco cair e cambaleia para trás. Ele paira por um momento, os braços sacudindo, na fronteira do infinito…

E então cai, com um grito. Eric tenta segurá–lo, mas é tarde. Ele se foi.

– Hank!

A criatura se recupera dos efeitos da pancada de Bobby. Os garotos estão juntos agora. A criatura se aproxima como uma onda, cercando–os. Eles tentam se libertar, mas é como correr através de lama. O protoplasma flui ao redor deles. Mais um momento e vai envolvê–los completamente. Os garotos resistem.

Eric olha para seus amigos, então para o Abismo, e enfim para a chave em sua mão.

Repentinamente, o Vingador se materializa à sua frente. E aponta para o Abismo.

– A chave, Cavaleiro! Lance–a ao Abismo… ou não vai ver sua casa nunca mais!

Eric olha para o abismo e depois na direção oposta, onde está a fechadura. Toma uma decisão: se volta e corre em direção à abóboda. O Vingador abre as imensas asas em ira.

– Pare – ele rosna, lançando um raio mágico na direção de Eric, que usa o escudo para apará–lo. Ele cambaleia, mas continua correndo. O Vingador ergue a mão para arremessar outro raio, mas neste momento um pseudópode surge, envolvendo–o, prendendo suas mãos. Ele resiste. Sob a abóboda, Eric faz uma pausa.

– Hank, é melhor você estar certo!

Ele enfia a chave na fechadura e gira. O Vingador se liberta do pseudópode com uma explosão de magia. Seus olhos se arregalam ao perceber que é muito tarde.

– Nãããão!

Sob a abóboda, a porta se escancara. Uma cascata de luz cintilante emerge, momentaneamente revelando a silhueta de Eric, que cambaleia para trás. As forças pirotécnicas varrem tudo à frente com muito barulho.

As cabeças dos garotos já estão quase cobertas pela massa da criatura, quando a força da luz os atinge. A criatura encolhe e desaparece em um clarão. Os garotos caem. O Vingador recua um passo, erguendo as mãos em uma tentativa inútil de evitar a magia que o envolve. Ele grita com horror.

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Os raios de magia se expandem e espalham, partindo da torre para todo o Reino e além.

Nos campos, servos trabalham na lavoura veem um raio cair próximo a eles, como um meteoro. Um portal se abre, mostrando o sol solitário da Terra brilhando sobre uma cidade medieval. Eles largam as suas ferramentas e correm em direção ao portal, com gritos de alegria.

Outro raio mágico rasga um portal próximo a um grupo de homens–lagarto. O mundo que aprece para eles é como uma selva tropical, com três sóis vermelhos brilhando. Os homens–lagarto correm em direção ao portal.

Por todo o Reino a mesma cena se repete.

Os orcs e outros servos do Vingador correm em pânico à medida que um raio avança na direção da cidadela. O Demônio das Sombras surge, reagindo à destruição que se aproxima, levantando suas garras em inútil defesa. Um momento depois a cidadela é atingida e destruída pelo raio.

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Quando o último dos raios é emanado e o efeito termina, Eric se acha sentado, perplexo, perante uma abóboda enorme e vazia. Diana, Sheila, Presto, Bobby e Uni correm em sua direção. Presto ajuda Eric a se levantar.

– Vocês viram aquilo?

– Está brincando? Estávamos todos por aqui.

– Parece que Hank tinha razão…

– Hank! – Reage Eric com um choque.

Ele corre. Os outros o seguem. À beira do Abismo os garotos se juntam e olham para baixo, temendo o pior. Então sorriem com alívio; Hank está agarrado a uma saliência rochosa sobre o Abismo.

– Bem, não fiquem aí parados. Me tirem daqui!

Diana estende sua vara para Hank. Ela brilha enquanto ele se agarra até voltar para junto do grupo. Ele pega seu arco e olha em volta.

– Ei! O que está acontecendo ao Vingador?

Todos olham e reagem à medida que uma luz tremeluzente começa a brilhar. O Vingador continua preso pelo feitiço luminoso. Ele começa a se transfigurar, tornando–se aquela figura nobre e majestosa esculpida no sarcófago. Ele olha para si mesmo, incrédulo. Quando fala, sua voz é aquela do Vingador, mas sem aquele tom sinistro. Os garotos assistem com espanto. Hank ergue seu arco em um gesto de triunfo.

– Eu estava certo! Nossa missão no Reino não era derrotar o Vingador. Era REDIMI–LO!

O novo Vingador se aproxima dos garotos. Então, diante deles, um clarão de luz prismática aparece e toma a forma do Mestre dos Magos. Ele olha para o Vingador e sorri. O Vingador se ajoelha à sua frente.

– Pai… eu retornei.

Uni lambe a mão do Vingador enquanto o Mestre dos Magos, com lágrimas nos olhos, se volta para os garotos.

– Obrigado, meus jovens pupilos. Vocês fizeram a única coisa que não estava em meu poder fazer… vocês trouxeram meu filho de volta para mim.

Os garotos olham uns para os outros confusos.

– VOCÊ é o pai do Vingador?!

– Não há muita semelhança familiar…

– Milhares de anos atrás – sorri o Vingador –, eu escolhi seguir o Mestre que servia ao Mal. Aprisionei neste Cenotáfio tudo aquilo que o Mestre dos Magos havia me concedido. E agora vocês me libertaram.

O Mestre dos Magos ergue as mãos e um raio final sai da abóboda, atingindo o chão próximo aos garotos, formando um portal. Dentro dele é possível ver o parque de diversões. Os garotos suspiram.

– E vocês deram àqueles presos neste Reino, sua liberdade. Eu não posso fazer menos. Vocês estão livres para retornar ao seu mundo agora, se quiserem.

Os garotos olham uns para os outros em alegria incrédula, à medida que o Mestre dos Magos prossegue:

– Ou vocês podem permanecer aqui, no Reino. Ainda há muito mal a combater e muitas aventuras a ter.

Os garotos e Uni permanecem diante do portal, tendo o Mestre dos Magos de um lado e o Vingador do outro.

– A escolha, meus jovens, é de vocês.

Os garotos olham uns para os outros, sorrindo, lágrimas de felicidade seus olhos, prontos para tomar a maior de todas as decisões…

O FIM

Confira a versão não oficial do roteiro adaptada para os quadrinhos

FONTE: Revista Dragão Brasil, Ano 6 – N° 67, Texto Original: Michael Reaves, Tradução: Silvia Rodrigues, Adaptação: J. M. Trevisan.

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