Resenhas: A Crônica do Matador do Rei: O Nome do Vento e O Temor do Sábio

Lendas existem e carregam uma verdade mutável e fantasiosa. O quanto podemos acreditar nelas? Qual de fato a sua origem? Quem foi o dono de suas primeiras versões e tornou suas palavras dignas de serem carregadas pelo tempo?

Neste livro encontramos Kvothe, O Arcano, O Sem-Sangue, O Matador do Rei. A lenda de seu próprio tempo, o herói e o vilão.

A verdade por trás da lenda que agora será revelada.

O livro começa mostrando o cotidiano de Kote, um hospedeiro organizado e bondoso, sempre sorridente para seus clientes, mas dono de um silêncio profundo. De começo é algo meio tedioso acompanhar a vida e os acontecimentos deste homem comum, porém misterioso, e somente após muito virar de páginas encontramos seu verdadeiro eu: Kvothe, a lenda escondida.

Quando O Cronista mais famoso dos reinos aparece em sua hospedaria a verdade surge e logo Kvothe – que se pronuncia Kuoute – resolve revelar e ele a verdade por trás de sua lenda – ou de suas lendas, porque o cara fez de tudo um pouco e fez valer a pena -, mas sempre mantendo aquele tom misterioso de que ao contar algo muito ruim vai acontecer por revelar tudo.

E então começa a viagem: passado perturbador e carregado de emoções e aprendizados; voltas para o presente para atualizações e mais indagações; o medo de algo sempre a espreita, um visitante que promete acabar com a tranquilidade daquela cidadezinha.

Eis uma saga que tem conteúdo, sério.

Começa pelo O Nome do Vento, e sim, Kvothe dedica todos os dois livros – até agora lançados, sendo o segundo O Temor do Sábio – na procura do bendito nome do vento e com isso nos leva a um universo totalmente novo e MARAVILHOSO! No qual descobrimos o poder de um nome.

Ah, a nomeação, linda bela e louca. Até chegar a este ponto você tem muita coisa para ler, então é melhor e parar por aqui e evitar dar spoilers.

Kvothe não poupa detalhes e nesta viagem resolve contar toda sua história, desta criança até depois de se tornar uma lenda – e talvez abusar disso um pouco hehe -, e talvez em alguns momentos seja meio entediante. Mas segura as pontas aí e não desista, logo após essa prova de dedicação ao livro a coisa fica boa e não tem como não desenvolver uma paixão por este universo tão inusitado, detalhado e bem elaborado que é Os Quatros Cantos. Patrick Rothfuss é um gênio, e como bem disse: quando faz algo faz bem feito.

Ler esta obra é sentir que você carrega em suas mãos um trabalho valioso, com dedicação, suor e sangue. Exageros à parte é a obra de uma vida e merece total respeito. Não seria exagero compará-lo a Tolkien, não de minha parte.

Após saber de muitos detalhes da infância de Kvothe, de sua loucura após a morte de seus pais, e logo a perda de tudo – inclusive a temporária de sua sanidade -, a narrativa nos leva ao novo mundo, no qual a Universidade mostrará todo o potencial desse pequeno gênio.

Sim, algo meio bobo de começo essa ideia de Kvothe ser naturalmente um gênio e aprender uma língua nova em apenas dois dias – Ops! Aqui vai uma lenda ou uma verdade? -, e as vezes isso seja um tanto injusto para algo tão elaborado facilitar para que ele se torne um ser bad-ass. Mas todo o resto compensa, inclusive o quanto ele estará disposto para conseguir mais conhecimento.

E cara, a parte da universidade mostra como o autor é um ‘manjador de primeira’. Ele detalha sobre muita coisa que o Kvothe aprende na Universidade. Talvez as vezes o excesso de detalhes seja meio: aaaaaaaaah tá, já chega, eu não vou aprender alquimia aqui hoje, Sr. Rothfuss.

Em um aspecto geral é interessante você presenciar a dificuldade de tais domínios. Serei sincera, passei a gostar do livro lá para a página 400 de O Nome do Vento, amei Patrick Rothfuss por volta da página 350 de O Temor do Sábio e ao fim de A música do Silêncio – sim, um livro extra que logo mais falo sobre – eu já não conseguia ver minhas noites sem a companhia de Rothfuss. Foi difícil desapegar. Quatros dias de ressaca pós livro.

Isso aqui está enorme, mas se você vai ler A Crônica do Matador do Rei, vai perceber que estou falando pouco (risos).

Continuando…

Se A Crônica do Matador do Rei fosse um filme seria algo como: Forrest Gump, ou O Homem Bicentenário. Aquele tipo de filme que é longo, meio parado as vezes, mas acontece muita coisa e tem seus momentos de tirar o folego, rir, chorar, ficar apreensivo e ao final você se descobre fã, acontece tanta coisa que justifica o tamanho da obra e você aprecia cada detalhe agradecendo por terem incluído.

E fora os dois livros tem A Música do Silêncio, um livro extra sobre uma personagem única e especial que ganhou muitos fãs e mereceu um momento de atenção. Ah, a Auri, ela resume bem a loucura e a força desta obra. Não leia antes, leia este livro por último, é preciso entender muita coisa antes de tentar entender a Auri e este livro que NÃO TEM DIÁLOGO (muitos risos a mais). Sério, é complicado explicar e entender.

Resumindo, falei muito e não falei nada, pois nada poderia dizer sem atrapalhar sua leitura.

A Crônica do Matador do Rei carrega consigo muitos aprendizados – daqueles que você lê, entende, se arrepia e para se refletir tamanha beleza -, tem cenas de ação (mais para o segundo livro), caminha por diversas civilizações, culturas, mundos – Ops! Olha eu aqui falando dos encantados -, mostra a dificuldade de ser uma criança órfã no mundo, a rebeldia da adolescência somado a falta de maturidade quando se tem um poder maior que o comum e quanto mais você ler mais irá compreender a complexidade de simples palavras.

Eu super indico para os corajosos e leitores habituados a longas leituras. Não é um livro qualquer, nem para qualquer um, mas é um livro que todos deveriam ler.

Conheça os problemas de ser a lenda de seu próprio tempo e que lancem logo o terceiro – e último – livro.

About Isabela

Laziness Girl, gamer e personal trainer nas horas vagas, é leitora apaixonada. Eterna criança, dentro e fora das livrarias. 'Inicianda' no mundo do RPG, apresentado pelo Jaguar.

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