Itens Raros: Cyberpunk 2020

RPG cujas histórias acontecem num futuro alternativo onde os jogadores estão no fogo cruzado entre gangues que se digladiam pelo controle no submundo e corporações se enfrentam pelo domínio do poder.

Escrito por Mike Pondsmith e lançado pela R. Talsorian Games, “Cyberpunk 2020”, RPG chegou ao mercado RPGista em 1990 e tem como base as obras de William Gibson, Bruce Sterling entre outros autores “Mirrorshades”, inclui muitos elementos associados à década de 80 como as ideias “estilo sobre substância” e glam rock. Chegou às prateleiras brasileiras lançado pela Devir no começo da década de 90.

A ambientação ocorre no ano de 2020 onde, após um grande colapso sócio-econômico e um período de lei marcial, os EUA tiveram de contar com várias megacorporações para sobreviver, as quais tiveram carta branca para operar do jeito que quisessem.

O jogo conta com a descrição de várias corporações, as quais podem ser antagonistas ou contratantes (às vezes contratante e depois antagonista ou vice-versa) dos personagens; corporações que dominam de armas e tecnologia, passando por comunicação e energia até medicina e transportes.

Os jogadores podem assumir vários papéis neste mundo futurista onde é praticamente cada um por si, as “classes” de personagem disponíveis no livro são:

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Solos: podendo ser desde um matador de aluguel a um guarda-costas mercenário, são militares especialistas em qualquer armamento.

Netrunners: com o cérebro conectado diretamente a um modem de alta velocidade, invadindo servidores e atravessando facilmente os firewalls das empresas e governos, pode acabar encontrando mais do que foi pago para descobrir.

Técnicos: tecnomédicos ilegais de alta tecnologia e engenheiros cibertecnológicos com capacidade de pegar qualquer item de tecnologia e fazê-lo funcionar muito além das especificações de fábrica.

Roqueiros: líderes carismáticos que usam a música para lutar contra a autoridade e opressão das corporações e governos.

Policiais: autoridade máxima nas ruas do século 21, patrulham os piores setores, onde as milícias corporativas não vão (ou não se interessam), responsáveis pela manutenção da lei.

Atravessadores: forncedor desde informações a pessoas, passando por itens de tecnologia até esconderijos, trabalha para quem pagar o melhor preço, não importa quem seja.

Corporativos: equivalente ao yuppie do século 20 é o admisnistrador que faz de tudo para subir aos postos mais altos das corporações que governam o mundo cyberpunk.

Mídias: jornalistas e repórteres que utilizam a notícia para mostrar a verdade encoberta nas ações dos governos e megacorporações, colocando sua vida em risco para mostrar ao público o que realmente acontece.

Nômades: ciganos do asfalto, guerrilheiros das estradas, atravessam o país sempre procurando um lugar que não seja dominado pelas megacorporações para viver, vagando em busca de alimento e peças de reposição para seus veículos customizados.

A gama de aparatos tecnológicos, que vão desde aparelhos portáteis de comunicação, passando por armas de alto calibre até implantes cibernéticos, é bem ampla, muito bom para o jogador que sempre quis ter um personagem “armado até os dentes” literalmente. Boa parte do jogo é focada em combate, armas de alta tecnologia e, claro, modificações cibernéticas (as quais se usadas em excesso, podem ocasionar ao personagem uma “cyberpsicose”). O sistema de combate, chamado de “Tiroteio de Sexta-Feira à Noite” tem como ênfase a letalidade; os testes de combate foram feitos para serem o mais realistas possíveis, não importa o tipo de personagem, às vezes um único tiro pode ser letal.

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O livro conta com descrições de várias personalidades, empresas, itens de tecnologia e do panorama mundial em 2020, isso sob a ótica do início da década de 90 do que seria o futuro em 30 anos. O ambiente nas cidades lembra muito o do filme “Blade Runner”, com edifícios espelhados imensos, a polícia patrulhando em carros voadores e as pessoas em sua correria diária; já o ambiente nas corporações remete muito ao do filme “Robocop” onde os corporativos vão até às últimas consequências para subir de cargo. Fora das cidades, longe da proteção da polícia a ambientação é bem “Mad Max”, uma terra de ninguém.

Curiosidades:

  • Sua primeira versão tinha o título de “Cyberpunk 2013” originalmente era um boxset lançado pela R. Talsorian em 1988;cyberpunk2013
  • Teve uma terceira edição (arquivo .PDF em 2005 e livro convencional em 2006) conhecida como “Cyberpunk 203X (ou “Cyberpunk V3”), este ocorrendo num fictício 2030;
  • Seriam lançados 3 suplementos “Cyberpunk Firestorm” (Stormfront, Shockwave e Aftershock), cuja ambientação temporal se situaria em 2023, eram para ser uma “ponte” ente a segunda e terceira edições, tinham o objetivo de sucudir tudo e preparar os jogadores para um novo cenário; mas apenas os dois primeiros foram lançados, o terceiro foi cancelado e seu material integrado ao livro de regras do 203X;cyber203X
  • Há um projeto de lançamento de um RPG online com o título “Cyberpunk 2077” que acontece na cidade de Night City, cenário dos livros originais (trailer do game aqui).

Mesmo sendo um RPG datado, pois muitas das inovações tecnológicas citadas nele já são ultrapassadas e também um tanto difícil por depender de muitas tabelas (ataque, dano, localização de dano e até uma para “exageros hollywoodianos” para saber de que jeito seu personagem morreu); é um item que merece ser jogado principalmente pela ambientação estilo Blade Runner (nas cidades) ou Mad Max (fora dos centros urbanos);deve ser guardado com muito apreço pelo RPGista.

Fontes: Wikipedia, Daemon Editora, Devir Livraria

About Dmann Well

Manoel Martiniano conheceu o RPG ao adquirir o jogo de tabuleiro "Hero Quest" da Estrela e também ao acompanhar as edições da extinta revista "Dragão Brasil" em meados de 1994. Desde então, mesmo com certos hiatos, não parou de mestrar/jogar, sendo um dos membros fundadores do grupo RPGistas de Guaianazes, que viria a se tornar O Teatro de Mesa.

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3 Comments on “Itens Raros: Cyberpunk 2020”

  1. Montar a ficha do seu personagem em um novo sistema de RPG é uma sensação nostálgica, e muito mais divertida quando se trata de Cyberpunk2020. A criação do personagem e contratação de serviços, seguros, e compra de equipamentos é divertido demais. E se trata de um cenário que sofreu um certo desincentivo no Brasil, era motivo de piada entre RPGistas pelo pouco número de jogadores (lembro até de um Censo do Primeiro EIRPG).

    Ótimo cenário, cheio de ganhos, não precisava nem de crônica para se jogar, os personagens se enrolavam sozinhos sem auxílio de fundo do Narrador.

  2. Esse foi o 2o sistema que joguei, cenário da minha preferência! Como foi mencionado, no quesito “realismo no combate” esse é baum, e digo mais, pra quem gosta de ação eu indico!!! Hehe
    Parabéns pelo artigo D’mann, mto bom. Eu li algo sobre o 2077, ñ tô botando fé! Apesar de ser um trailler bem impressionante!

    1. Então Miguel, o 2077 vai ser um RPG online, de repente até surpreenda, mas já está demorando para se ter mais alguma nova sobre ele. Bem, só esperando o que vai acontecer. Valeu!

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